segunda-feira, 30 de junho de 2008

Quando a bomba encontra o estopim

Nossa existência não começa quando abrimos os olhos na maternidade. Ela começa muito antes, para ser mais exato, nove meses antes, ou até um pouco mais levando em consideração a carga genética herdada de nossos pais. Depois, nascemos, aprendemos, seguimos crescendo e seguimos envelhecendo. Contudo, nós seres humanos temos uma mente que nos difere dos outros animais, algo maravilhoso e fantástico, mas ao mesmo tempo terrível e completamente misterioso... Sim, ainda é misterioso, os cientistas tentam desvendar os labirintos da mente, contudo, ele cada vez mais parece ainda mais intrincado, fazendo-os voltar a estaca zero.
Dividimos o mundo com outros milhões de pessoas, às vezes não paramos para refletir neles, nos limitamos somente as pessoas que estão por perto, ou até mesmo em nossa cidade, mas não pensamos nas pessoas que estão do outro lado do mundo, olhando para o mesmo céu que olhamos todos os dias... E cada pessoa no mundo possuí algo dentro de si, algo que não conhecemos, que muitas vezes julgamos sem tentar compreender os porques... Sei que para muitas coisas absurdas não deveriam haver razão nenhuma, cadeira elétrica de uma vez, mas existe em nossa civilização algo que se chama de efeito dómino, e que, infelizmente não sabemos qual a próxima pedra que será derrubada.
Digo isso devido aos acontecimentos terríveis que nos cercam a todo momento, todos os dias há algo dantesco nos noticiários, aprendemos a conviver com a violência e vamos seguindo nosso caminho, pois na verdade, ela acontece, ela existe, mas é algo distante de nossa vida, por isso não nos influência de uma forma mais direta, tudo que podemos sentir é a comoção do ato e a revolta devido sua natureza.
Mas e se lhe dissesse que alguns de nós são como bombas? Bombas que precisam de um estopim para explodir de uma vez? Felizmente, às vezes não conhecemos nosso estopim particular e muito menos a nossa polvóra, mas em muitos caso, o estopim e a polvóra são encontrados facilmente no dia a dia. E muitas vezes essas combinações terríveis vem com o ser humano desde seu berço.
Como disse, possuímos carga genética, sem mencionar outros fatores que podem contribuir para algo explosivo. Muitas vezes guardamos sensações e situações que aconteceram há muitos anos atrás, em nossos lares, em nossas escolas, as frustrações sempre nos perseguem e muitas vezes são mais lembradas que os momentos felizes, que, muitas vezes não possuem nada de bom, a não ser de nos lembrar que um dia fomos felizes... Então, esses sentimentos vão crescendo em nosso interior, é possível sorrir com um monstro amordaçado em suas profundezas, é possível ter uma vida normal, nós nos controlamos, temos consciência do que é certo e errado, mas às vezes, esse certo ou errado acaba perdendo o sentido e caímos para o lado errado... Queimem aquele que erra? Sim! Queime! Mas isso seria a mesma coisa que varrer a sujeira para debaixo do tapete, o que precisamos são de soluções e não de disfarce. Um bom psicológo seria uma saída? Sim, claro, mas o que adianta um tratamento sendo que a pessoa continua exposta aos seus detonadores... Eles colocam um monte de remédios em sua boca e o força a engolir, mas isso não é solução, isso é apenas uma forma de desacelerar a mente, conturbá-la de uma forma lícita e nada mais, quando as pessoas buscarem verdadeiras soluções com certeza o mundo deixará de ter tantos desiquilibrados.
Desiquilibrados não seria a palavra certa... Loucos também não... Na verdade não sei do que chamar essas pessoas, são pessoas como eu ou você, que não tiveram oportunidades como eu ou você, pessoas que não conhecemos e que não conhecemos o por que, pessoas que apontamos o dedo mas não sabemos se de repente, ela é apenas mais uma vítima do descaso. Nenhuma serpente pica sem estar ameaçada, não fazem por prazer, fazem por necessidade... Hummm... necessidade... Uma palavra terrível para o contexto... Seria então necessidade que faz as pessoas cometerem delitos hediondos? Talvez uma necessidade da mente, uma forma de libertação desesperada. Todo ser humano sabe como avaliar sua vida, todo ser humano sabe fazer uma linha de tempo de felicidade e de tristeza em sua vida, podemos lembrar o tempo que fomos felizes e o tempo que começamos a ser tristes, fazendo a linha, descobrimos a razão e encontrado a razão da tristeza, basta apenas acabar com ela... Não estou justificando, nem muito menos defendendo, não me interpretem mal, estou apenas dizendo que muitas pessoas vivem uma vida de risco, se expondo a situações que operam em sua mente de uma forma silenciosa e completamente imperceptível, contudo, o subconsciente, quando percebe que o conjunto está em risco, ele se arma e ataca o causador de seus problemas, de forma comparativa, seria como se um vírus entrasse em seu organismo e este por si, se defendesse contra o invasor. A mente humana funciona da mesma forma e, quando os lábios não pronunciam o que esta errado, elas vão se amontoando em sua cabeça até o mundo perder seu sentido e, quando chegamos a esse ponto nossas defesas, certas ou não, tomam o rumo do caminho e saem defendendo o seu próprio habitat.
Por isso eu lhe digo que é necessário cortar o mal pela raiz e não varrê-lo da face da terra, esses casos que acontecem, crimes tão terríveis, tem uma carga doentia muito maior do que imaginamos, muitas vezes, as pessoas encontram seus estopins e muitas vezes elas não conseguem se livrar deles, por "ns" motivos, não sabemos o que passa na mente de uma pessoa que comete tal ato, e também jamais saberemos depois do ato, pois, a mente quando chega a tal ponto, ela acaba mergulhando em um mundo onde tais situações possuem razões.
Quem já não teve vontade de jogar o mundo na fogueira? Quem já sentiu vontade de sair quebrando tudo sem qualquer razão aparente? Se você já pensou em tais coisas, eu lhe digo para rever seus conceitos e tentar descobrir um caminho que possa lhe levar para um lugar mais tranquilo, não se esqueça que precisamos apenas de um estopim, e muitas vezes esses estopim levam muito mais do que queremos... É como um acidente, na hora, com o sangue quente não sentimos a dor, mas quando o sangue esfria... não preciso dizer o que acontece.

Um comentário:

Tsukushi disse...

Parei de vir visitá-lo, pois perdi o link. E vou comentar nesse post, pois gostei mesmo...

Ahn...
Como sempre, você sabe bem como expressar as suas idéias e, mesmo que alguém quisesse discordar perceberia que, mesmo de certa forma, está errado sobre a própria opinião.

Sobre o estopim, eu penso que nós sabemos onde ele está, apenas evitamos visitá-lo, de maneira que a nossa bomba interior não exploda.